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KAIO CARMONA
(BRASIL – MINAS GERAIS)
Kaio Carvalho Carmona (Belo Horizonte, 13 de dezembro de 1976) é um poeta, escritor e professor brasileiro.
Professor na Universidade Agostinho Neto e no Centro Cultural do Brasil em Angola (CCBA). Possui pós-doutorado em Poéticas da Modernidade. Doutor em Estudos Literários, e também Mestrado e Graduação, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pesquisador do Modernismo brasileiro, da poesia mineira e das literaturas em Língua Portuguesa. Possui vários artigos publicados em revistas literárias.
Obras:
A casa comum (novela) – Belo Horizonte: Quixote+Do, 2020 ISBN 9786586942064
26 poetas na Belo Horizonte de ontem (ensaio) – Belo Horizonte: Fino Traço, 2020 ISBN 9786599013966
Para quando (poesia) – Belo Horizonte: Scriptum, 2017 ISBN 9788594940094
Compêndios de amor (poesia) – Belo Horizonte: Scriptum, 2013 ISBN 9788589044707
Um lírico dos tempos (ensaio) – São Paulo: Scortecci, 2006 ISBN 9788536606371 Erro de parâmetro em {ISBN}: soma de verificação
Participação em antologias:
Entrelinhas Entremontes: versos contemporâneos mineiros (coletânea de poesia organizada com Vera Casa Nova e Marcelo Dolabela) – Belo Horizonte, 2020 ISBN 9788566256642
A contemporânea literatura brasileira – poéticas do século XXI em debate (organizadores: Camila Morgana Lourenço e Marcio Markendorf) –Florianópolis: Literatual/UFSC, 2020 ISBN 9786587206004
ENTRELINHAS , VERSOS CONTEMPORÂNEOS MINEIROS. Organização: Vera Casa Nova, Kaio Carmona, Marcelo Dolabela. Belo Horizonte, MG: Quixote + Do Editoras Associadas, 2020. 577 p. ISBN 978-85—66236-64—2 Ex. biblioteca de Antonio Miranda
Esse tráfego doméstico
De silêncio em silêncio
— em pequenos sustos —
vai se construindo nosso amor
diário.
Os cômodos da casa ainda são grandes,
como eram grandes os cômodos das casas
antigamente.
E mesmo assim nos esbarramos
de cômodo em cômodo,
esse tráfego doméstico.
Passa por mim sem me olhar e deixa sua mão
aleatoriamente.
Sei mais de você por esses encontros e silêncios
que o seu sorriso, talhado na lida
do mundo das relações.
Pequenos silêncios, pequenos encontros.
E o amor se erguendo no ar.
E o amor se entornando no chão.
Palavras
para Ana Martins Marques
Não
Este poema não é
um poema de amor
se por isso não deve conter a palavra amor
muito menos desamor
que é fome de amor
nem pode ser vermelho
ou aceso como o cigarro
abjeto
que de fôlego em fôlego
se queima, como o amor.
De modo algum também é dor
que é rima pobre e resto
de amor.
Este poema não tem janelas
de vistas para dentro
para fazer voar
o amor.
Nem mesmo se tranca
em casa ou se esconde em cobertas
brasas como o cigarro algumas linhas acima.
Nem tem abismos,
a morada do amor.
Em hipótese alguma o poema
trata de amor
que pensar o amor já é desamor.
Definitivamente o poema não fala de amor.
A lua lá no alto envia mensagens indecorosas aos namorados
O vento sussurra segredos quentes
enquanto a noite pede silêncio em gemidos surdos.
E o que me resta é a memória
aprisionada em livros, tratados, teses, ensaios
sobre o amor.
O que me resta é a saudade
e é com ela que me abraço
nesse precipício de hoje.
Ainda tenho em meus dedos a curva de sua cintura,
a textura de sua saia.
Ainda vejo você, parada, aflita,
com o meu coração nas mãos,
sem saber o que fazer.
Do anúncio
É que setembro chegou
e contra todos os cálculos, previsões e intuições
seguimos juntos.
E sem que esperássemos
você gosta do carnaval
e eu da chuva.
Vamos juntos ao cinema
e você ainda se demora nos letreiros.
A luz lá fora é artificial e nas palavras da tela ainda há fios
de sonho.
Mas setembro chegou
e seguimos juntos.
Ninguém viu,
nem teu pai, nem teu filho,
eu
ou você.
Ninguém viu aquele brilho de manhã ainda seco
que anunciava — peremptório:
é que setembro chegou.
E seguimos juntos.
*
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Página publicada em maio de 2024
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